Estivemos nos últimos três shows da residência em Las Vegas! Desembarcamos no mesmo dia do nosso primeiro show (12). Foi arriscado e corrido, pois não existem voos diretos do Brasil para Las Vegas, então uma rápida conexão em Atlanta e uma boa correria foi necessária.
Ao chegar na cidade, já dava pra ter um gostinho do show; outdoors anunciavam as nove apresentações que Scorpions estava fazendo. Já no Planet Hollywood, que é hotel, resort, casino e inclusive abriga o Zappos Theater onde foram realizados os shows, por toda parte a Sin City Nights era anunciada, e dá aquele orgulho ver nossa banda favorita nas chamadas dos telões de led enormes, placas de publicidade e até mesmo propagandas nas mesas do casino.
Com o acesso em mãos, fui para a fila que nos levaria até o meet and greet. Em tempos de pandemia, parecia não ser possível que eles fizessem algo assim tão cedo, mas com os devidos cuidados, lá estavam eles. Máscaras estavam disponíveis gratuitamente em totens espalhados pelo teatro, ainda que o clima em Las Vegas fosse de vida normal e não fossem mais obrigatórias.
Ao entrar na fila para a foto, caminhando em direção a banda, Klaus e Rudolf me avistaram e abriram um grande sorriso, nos cumprimentamos e posamos para as fotos. Ainda que muito rápido, valeu demais ter tido a chance de vê-los de tão perto depois de quase três anos. Depois de mais breves cumprimentos, agradecimentos e lembranças ao Brasil, estávamos de volta ao lobby do teatro para o show. Pausa também para o merchandising dedicado a tour, muitas camisetas referentes a Sin City Nights em Las Vegas. Antes do show principal, Skid Row abria a noite com seu novo vocalista e vários clássicos da banda em mais ou menos 40 minutos. Mas, vamos ao que interessa.
Se na última turnê tínhamos uma cortina imensa separando o palco da plateia no início do show, agora temos duas. Assim que elas caem, podemos ver de perto o novo palco montado para a turnê do Rock Believer. E eles já abrem o show com Gas in The Tank; sugestivo, pois o Rei dos Riffs realmente está de volta com mais gasolina nos tanques. Dava pra perceber a alegria de toda a banda em estar de volta aos palcos, se os fãs já não se aguentavam, não era nada diferente para eles. A boa energia que a música de abertura do álbum traz também faz a diferença, é de um astral impressionante. Seguindo por Make It Real, The Zoo e Coast To Coast, o início permanece como dos shows passados, mas os novos visuais foram aprimorados e estão bem mais legais dessa vez. Se podemos achar algum ponto negativo, este é somente a retirada do medley dos anos 70.
Em seguida, a surpreendente Seventh Sun! Uma grata surpresa vê-la ao vivo, uma volta aos anos 80 (ainda que eu não tenha vivido), e o visual ajuda: a bateria ao centro suportada por uma pirâmide de lâmpadas como nos velhos tempos. E, continuando com o Rock Believer, o primeiro single também teria a sua vez no show: era a hora de Peacemaker, enérgica, que cai muito bem para o fim de uma pandemia (espero).
Bad Boys Running Wild está de volta ao setlist para a agitação do público mundial, grande parte dos Estados Unidos, mas percebemos fãs da Austrália, Espanha, Portugal, Romênia, Colômbia, Índia e claro, Brasil! Delicate Dance permanece no setlist e vem na sequência, precedida pela parte acústica que inicialmente contava também com When You Know, que foi cortada nos primeiros shows, agora segue apenas com Send Me An Angel.
Wind Of Change é sempre um dos pontos altos de um show de Scorpions desde 1990, mas dessa vez foi de uma forma diferente. Sendo um dos hinos mundiais da paz, parte da letra foi alterada devido aos acontecimentos recentes com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Klaus inicia com “Now listen to my heart, it says Ukrainia, waiting for the wind, to change. A dark and lonely night, our dreams will never die, waiting for the wind, to change”. Nada mais simbólico ao som da guitarra de Matthias pintada com as cores da bandeira da Ucrânia.
Cenas de pole dance são projetadas ao fundo no telão, era a hora de Tease Me, Please Me!, que continua intocável no setlist. Depois, temos a faixa título Rock Believer, que funciona muito bem nos shows e conquista a plateia instantaneamente: “rock believers like you”, a banda segue impecável.
Mas você pode estar se perguntando: “e como eles estão?”. Klaus continua com uma voz incrível nos seus quase 74 anos, com uma força absurda, assim como o agitado Rudolf Schenker e também nada diferente, Matthias Jabs com suas caretas bem humoradas. Dessa vez, temos um destaque maior de Pawel e Mikkey, não só como percebemos no novo álbum, mas também durante o show, quando surgem com um solo de baixo e bateria em seguida, também com um visual completamente novo: Mikkey interage em suas batidas e um “Rock Believer Jackpot” enorme projetado ao fundo recheado de easter eggs. Sem dúvida uma grande sacada para a cidade dos jogos de azar.
Como de praxe, a volta com Blackout e a guitarra de Rudolf soltando fumaça pelo palco acontecem e, depois, Sin Big City Nights, que já nos dá aquela sensação de final de show, também com um visual renovado e muito bonito. No retorno para o encore, a ausência de Still Loving You não deixa de ser uma surpresa, mas No One Like You parece estar mais ligada aos Estados Unidos. E por fim, Rock You Like A Hurricane fecha a noite, e que noites! Todos os três shows não tiveram pontos baixos, eles estão em plena forma e tenho certeza que todos os fãs que estiveram em algum show saíram satisfeitos. Vale destacar o esforço de toda a equipe da banda para que tudo fosse perfeito, a sCrewpions continua fazendo um trabalho incrível.
Nesses dias em Las Vegas, era comum encontrar pessoas com Scorpions estampado em camisas, ou até ouvir músicas bem conhecidas em lobbies e restaurantes por toda a cidade, o clima perfeito no deserto da costa Oeste. Depois de uma pausa, eles estão de volta aos Estados Unidos para um show único no Madison Square Garden depois de amanhã (6), em Nova York, e voltam para iniciar a turnê europeia no dia 10 em Lisboa.